Foto: TecMundo
Manual sobre o desafio
do balde de gelo
Afinal de contas o que é meme? É comum nas redes sociais a
reprodução de imagens e vídeos. Muitos deles com teor criativo e lúdico. A
definição do meme é bem simples e objetiva: trata-se de imagens ou vídeos
atrelados às frases bem-humoradas que se propagam na rede como um vírus. E no
final, todos compartilham e se divertem com a ideia veiculada nele.
Nesses últimos dias, tivemos o excesso de exibição do famoso Desafio do balde de gelo (Ice Bucket
Challence). Alguns internautas viram somente como uma nova forma de
brincadeira, porém outros criticaram a atuação de personalidades, famosos e
subcelebridades, pois enxergaram nessa atitude um caminho para a promoção na
mídia. Se fulaninho de tal joga água gelada na cabeça e diz está realizando uma
“boa ação”, devemos ficar com os olhos bem abertos, atentos, buscando enxergar
o real motivo dessa exposição.
É importante ficar de olho, pois nem todas as ações e
asneiras, propagadas nas redes sociais, devem ser seguidas. O meu ídolo se
comporta de tal modo e devo imitá-lo? Como aconteceu na outra campanha
#somostodosmacacos. Postar foto comendo banana, não resolve o problema.
Gostaria de dizer que nem todos somos macacos. Sou contra o preconceito sim e
qualquer tipo de discriminação. De fato sou a favor na união das nossas forças
para combater o racismo, a corrupção, a exclusão e a censura.
A campanha teve origem nos Estados Unidos. Um americano com
uma doença rara (esclerose lateral amiotrófica – ALS) resolve chamar a atenção
da sociedade, visando incentivar doações no desenvolvimento das pesquisas. A
campanha ganhou forças quando as pessoas conhecidas na mídia e algumas empresas
de tecnologia começaram a participar. A regra é desafiar uns aos outros e fazer
uma doação à ASL Association, organização responsável a dar assistência aos
portadores da doença. Em seguida, jogar um balde de água fria na cabeça. Mesmo
após a morte do criador do desafio, a “brincadeira” chegou ao Brasil e teve
adesão.
E essas “estrelas do balde” pouco deixaram claro sobre o
destino das doações. Será que é real o apoio deles? Ou será somente uma
autopromoção? Após diversas críticas, o fato é que matérias circularam na mídia
sobre as instituições brasileiras que apoiam esses pacientes, mesmo que o valor
arrecadado tenha sido inferior à original. Apesar da participação de muitos via vídeo,
não houve uma expressiva participação financeira.
Infelizmente, essa brincadeira não leva em consideração a
realidade de escassez dos reservatórios brasileiros. Quem nunca teve a
oportunidade de visitar o sertão, não conhece o sofrimento das famílias e
animais no período de estiagem. Quem aderiu ao desafio do balde de gelo, não se
deu conta do incentivo ao desperdício. Vale lembrar que as obras de transposição
do Rio São Francisco estão atrasadas.
Sinceramente, desejo o aumento de investimentos para as
diversas pesquisas e o apoio aos pacientes. Porém, cabe a nós a reflexão sobre
quais comportamentos vale a pena seguir.

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